Opinião

Paulo Bellincanta: No grito e no berro

28/11/2019 09:39:06
Divulgação

Quando escrevi no começo de setembro que a porteira estava aberta, não errei.
Apenas imaginei que fosse possível “afinar” a largada.
Uma alta mais sustentada, e que fosse consolidando passo a passo, evitaria algumas surpresas e alguns prejuízos.
Todo crescimento de setor, ou de uma empresa sem sustentação de mercado, não se mantem e pode trazer sérios prejuízos em seu ajuste final.
Um produto, por mais defasado que ele esteja, não sustentará um aumento de 50% em menos de 45 dias.
O Grito que veio do campo em comemoração à recuperação tardia dos preços empolgou os mais desavisados e os sonhos elevaram ao infinito os preços. A carne puxou a arroba do boi que puxou o boi magro que puxou o bezerro. E como todo ambiente em que o Grito prevalece o raciocínio se embaralha e quem grita mais alto tem a razão, que de razão nada tem.
Lá no asfalto, em gôndolas e balcões, bem distante do Grito, se ouviu um Berro: Não, não dá, não é possível. O que aconteceu? Quem sabe explicar?
Carne mais barata na casa dos R$ 30,00 não é realidade para o povo brasileiro. Aliás só é para poucos países no mundo.
O ambiente do Grito não quis ouvir o Berro e a consequência é a que vem à tona nesta semana.Balcão “parado” caminhões em fila de espera para descarregar com atrasos de vários dias. Demanda reprimida e buscando alternativas ao produto.
É inevitável o recuo nos preços no campo.
As orquestras de Whatsapp que pregavam aumento hora com notícias verdadeiras entremeadas a Fake News, agora se calam.
O resultado para alguns desavisados, que apostaram em preços estratosféricos, não será o melhor.
Lembro o que escrevi há alguns dias: “Não há mercado para uma arroba acima de $50,00 (em São Paulo).” Toda vez que o preço estiver acima haverá pressões do mercado para baixar, da mesma forma que se abaixar deste nível essas pressões serão para que suba.
Do outro lado importante saber que quem come carne recebe salário e salário tem medida.

Paulo Belincanta é presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT)


Redação
Fonte: Assessoria



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